
A mineradora brasileira Vale encerrou o segundo trimestre com um lucro líquido expressivo de US$ 2,7 bilhões, representando uma alta de 210% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento significativo, no entanto, foi impulsionado em parte pela redução de gastos com impostos e pela realização de desinvestimentos estratégicos.
A receita líquida da companhia somou US$ 9,9 bilhões entre abril e junho, o que representa um crescimento de 3% na comparação anual, ficando alinhada com as projeções do mercado. O Ebitda ajustado – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – permaneceu estável em US$ 3,9 bilhões, levemente abaixo do consenso de analistas, que apontava para US$ 4,06 bilhões.
Produção e vendas em alta
No início de julho, a Vale já havia divulgado uma prévia operacional positiva referente ao segundo trimestre. A empresa bateu recorde na produção de minério de ferro, alcançando 80,598 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 2,4% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. As vendas acompanharam esse ritmo e cresceram 7,3%, totalizando 79,792 milhões de toneladas.
O preço médio de venda dos finos de minério de ferro, com base no índice de 62% de teor de ferro (Fe), teve uma leve alta de 1% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 98,2 por tonelada. Já o preço das pelotas apresentou queda de 2%, ficando em US$ 157,2 por tonelada.
Custos pressionam margem operacional
Apesar do crescimento na receita e nos volumes de produção e vendas, o desempenho operacional da Vale foi impactado pelo aumento dos custos. Segundo a própria empresa, o Ebitda foi pressionado por um maior custo caixa (C1) dos finos de minério, decorrente da elevação nas compras de minério de terceiros e pela intensificação das atividades de manutenção.
Além disso, a companhia destacou que as taxas de frete continuam em patamares elevados, o que também contribuiu para a redução da margem operacional. Outro ponto de atenção foi a comparação com o segundo trimestre de 2022, que teve resultados favorecidos por efeitos não recorrentes.
Os custos e despesas totais da mineradora cresceram 9% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando US$ 6,9 bilhões. O custo caixa dos finos de minério de ferro – desconsiderando as compras de terceiros – subiu 6% na comparação trimestral, chegando a US$ 24,9 por tonelada.
De acordo com a Vale, esse aumento foi causado principalmente por fatores sazonais relacionados ao giro de estoques e à concentração de atividades de manutenção ao longo do trimestre. Ainda assim, a empresa afirmou que os impactos negativos foram parcialmente compensados pelo crescimento do volume de produção e pela depreciação do real frente ao dólar.
Esses resultados reforçam a resiliência da companhia em meio a um cenário de custos elevados e oscilação nos preços do minério. A Vale segue com foco em eficiência operacional e disciplina na alocação de capital para manter sua competitividade no mercado global.