O dólar “blue”, o mercado paralelo da moeda americana na Argentina, continuou sua trajetória de valorização nas últimas semanas e atingiu um novo recorde histórico nesta quinta-feira (11). Nas “cuevas” de Buenos Aires, onde a moeda é vendida informalmente, o dólar foi cotado a 1.460 pesos, o maior valor nominal já registrado e a maior disparidade em relação ao câmbio oficial desde que Javier Milei assumiu a presidência do país.
Enquanto isso, no mercado oficial, a cotação do dólar para transações no atacado subiu para 921 pesos por unidade, refletindo uma diferença de 58,5% em relação ao dólar “blue”. Para empresas e exportadores, outras cotações relevantes, como o dólar MEP e o dólar CCL, mantiveram-se um pouco abaixo dos 1.400 pesos, com uma diferença de 49,7% e 51,2%, respectivamente, em relação ao câmbio oficial.
A escalada do dólar “blue” não é recente. Em abril, a alta foi de 11,4%, seguida por uma elevação de 17,8% em maio, após um período de três meses de baixa volatilidade. Apesar desse movimento, o governo argentino tenta minimizar a percepção de crise, afirmando que a depreciação mensal da moeda será mantida em torno de 2% ao mês.
Nesta quinta-feira, o ministro da Economia, Luis Caputo, em entrevistas a rádios locais, reafirmou que não há planos para uma desvalorização mais significativa. Segundo ele, a Argentina inevitavelmente ficará “mais cara em dólares” nos próximos meses. “Isso é o que acontece quando um país faz as coisas corretamente”, comentou, referindo-se à busca de maior competitividade com ajustes tributários.
Quanto ao aguardado fim do “cepo cambial”, o sistema de controle de câmbio imposto no país, Caputo foi cauteloso. Ele afirmou que a saída desse modelo será gradual e que, mais importante do que a rapidez, é fazer uma transição cuidadosa. “Não se pode definir uma data exata para o fim do ‘cepo’, pois isso incentivaria especulações prejudiciais ao país. A ideia é ir aumentando as camadas de liberdade progressivamente”, explicou.
Caputo também mencionou a projeção até o fim do ano, indicando que a escassez de dólares pode levar à convergência do câmbio livre com o oficial. Para ele, será o momento ideal para desmantelar o “cepo” de forma definitiva, pois o governo pretende estabilizar a moeda e oferecer um ambiente mais seguro para as transações no mercado de câmbio