
Os mercados futuros dos Estados Unidos registraram forte queda nesta segunda-feira (1º), refletindo o crescente temor dos investidores em relação a uma nova rodada de tarifas comerciais anunciada pelo presidente Donald Trump, que deve entrar em vigor ainda nesta semana.
Os contratos futuros ligados ao índice Nasdaq 100, fortemente exposto ao setor de tecnologia, lideraram as perdas com uma queda de quase 1,4%. Já os futuros do S&P 500 recuaram cerca de 1%, enquanto os do Dow Jones cederam aproximadamente 0,7%, ou cerca de 270 pontos.
Com isso, os mercados se encaminham para encerrar o mês de março em terreno negativo, concluindo um trimestre marcado por instabilidade e incertezas provocadas pela política comercial agressiva da Casa Branca. Nas últimas seis semanas, o S&P 500 e o índice Nasdaq encerraram cinco delas em queda, em um sinal de desconfiança persistente entre os investidores.
O pano de fundo dessa nova onda de vendas nas bolsas é a crescente apreensão sobre os impactos econômicos da ofensiva tarifária de Trump. A falta de clareza sobre o escopo e a duração das medidas tem levado os agentes do mercado a evitarem ativos de risco. A tensão aumentou após o anúncio de que, no dia 2 de abril, será revelado o pacote mais amplo de tarifas já adotado pelos Estados Unidos até agora — um movimento que o próprio presidente vem chamando de “Dia da Libertação”.
Segundo declarações recentes, Trump pretende aplicar tarifas de reciprocidade a “todos os países”, o que frustrou as expectativas de que o governo poderia optar por uma abordagem mais restrita. Uma reportagem publicada no fim de semana pelo jornal The Washington Post indicou que o presidente tem pressionado seus assessores para que adotem medidas ainda mais duras, ampliando o alcance e os valores das tarifas.
Diante da escalada nas tensões, os investidores têm buscado refúgios mais seguros. O ouro, por exemplo, disparou para um novo recorde histórico, superando a marca de US$ 3.100 pela primeira vez. A onça do metal precioso estava sendo negociada a US$ 3.147, com valorização superior a 1% no dia, refletindo a maior demanda por ativos considerados mais estáveis em momentos de incerteza.
Além disso, os mercados seguem atentos a sinais de fragilidade econômica, especialmente após a divulgação de dados inflacionários acima do esperado. A leitura do índice PCE “núcleo”, métrica preferida pelo Federal Reserve para monitorar a inflação, causou preocupação adicional ao indicar uma possível pressão nos preços que pode influenciar as decisões futuras sobre juros.
O foco dos investidores nesta semana se volta agora para o relatório oficial de empregos de março, que será divulgado na sexta-feira. Antes disso, também estão previstos dados sobre a criação de vagas no setor privado e o número de postos de trabalho em aberto, o que poderá oferecer pistas sobre a saúde do mercado de trabalho norte-americano em meio a um cenário cada vez mais desafiador.
Com o aumento da aversão ao risco, as próximas sessões devem continuar voláteis, à medida que os investidores tentam equilibrar o impacto das medidas comerciais com os indicadores econômicos. O temor de que a nova rodada de tarifas possa desencadear uma guerra comercial de maiores proporções segue pairando sobre os mercados globais.